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flower of life

Frida Kahlo - Flower of Life



Em relação à nova lei de procriação medicamente assistida (PMA), PS e PSD defenderam que o apoio do Estado deverá cingir-se unicamente aos casais que necessitem de recorrer às técnicas de PMA, deixando de fora as mulheres solteiras que pretendam ser mães. A incapacidade de ver a médio e longo prazo assola estes políticos e constrange a mudança. Quando é que se vai assuimir que o conceito de família está a mudar, que é um conceito difícil de caracterizar, que as tradicionais figuras deixaram de ser a regra e deixaram de satisfazer. Janosik e Green afirmam que a família é um "sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro da família e interacção com outros membros".

Olhando à minha volta, vejo constantemente esta perguta: Queremos ser uma sociedade sem filhos?

Não estou aqui para julgar e não é isso que pretendo. Acho que se deve, sobretudo, dar aos filhos (construir com) uma família equilibrada, arquitecta, engenheira e executora de paz. De uma paz viva, feliz. Com diálogo, (des)encontro, crítica. Duvall e Miller identificaram algumas funções da família: geradora de afecto, proporcionadora de segurança e aceitação pessoal, proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade, asseguradora da continuidade das relações, proporcionadora de estabilidade e socialização, impostora de autoridade e do sentimento do que é correcto. Stanhope acrescenta uma função relativa à saúde.
Qual deverá ser a constituição dessa família? Nos dias de hoje, se formos honestos, não há uma resposta linear.

Partindo do princípio básico de que a concepção é a união do espermatozóide com o óvulo, sinto que ao filho deve ser dada a oportunidade de se relacionar de forma próxima com quem o concebeu (excluindo claramente os pais que não o querem ser e as famílias biológicas que maltratam as suas crianças). A determinada altura da sua vida a criança irá invariavelmente perguntar pelo pai (ou mãe ... menos provável, dado que as crianças ainda se geram dentro das mulheres) e há algumas respostas que me parecem injustas e egoístas. Nomeadamente: “Não posso dizer, porque ele me pediu segredo” e “Não sei, fiz inseminação” ... mas esta é uma opinião muito pessoal, valendo o que vale. Bem disse Nietzsche: "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras".

Assim, considerando a nossa realidade e o nosso contexto, creio que enquanto sociedade teremos de aprender a abrir os braços para uma terceira estrutura de família alternativa, além do casal homossexual e da instituição (estrutura comunitária), que é a estrutura criada pela paternidade partilhada entre dois Amigos, pessoas que se Amam. Pode parecer chocante à primeira vista, mas assemelha-se muito às famílias monoparentais resultantes de separações, com uma diferença que me parece salutar: o facto de não se dar separação, não se envolvendo as crianças nesse processo, inevitavelmente doloroso.



Voltando à infertilidade, lembremo-nos dos filhos que os pais não querem ou não podem criar. A adopção também é uma possibilidade. A lei da adopção permite a adopção por adultos solteiros, com mais de 30 anos de idade. Esta lei sublinha, entre os factores negativos, situações habitacionais e económicas deficitárias, traços de personalidade psicopatológicos graves, isolamento social... Este equilíbrio interno e interpessoal é que me parece o factor basilar. Neste sentido, o equilíbrio familiar constrói-se no núcleo familiar (os AMigOs são a família que escolhemos), com uma boa estrutura familiar, com uma boa rede de amigos e não necessariamente no casal.

Se calhar sou só eu a querer justificar a lista de pais que nasce na minha cabeça...

14 comentários:

sa.ra disse...

este é um assunto delicado!
:)

a liberdade mete medo a muita gente! talvez porque sintam muito medo da (ir)responsabilidade que implica!

beijinhos!
dia muito feliz!

kelly disse...

é verdade:(

Manela disse...

pois... para uma criança ser feliz precisa de amor, muito amor, estabilidade emocional e, sobretudo, verdade e confiança nas relações que estabelece com os adultos.
beijinhos

kelly disse...

o fórum está aberto;)
(ainda) não há comentários de homens...

beijos e força para uma excelente semana!

sa.ra disse...

lenha para a fogueira:

a assistência é para quem precisa dela...

quem não precisa, que tenha a coragem de seguir de forma honesta o seu caminho...

antes de mais, uma pai e uma mãe são (deveriam ser) amigos... e esse é o melhor exemplo de conjugalidade que pode legar-se a uma criança!

as excepções são, no entanto, para os casos excepcionais!

quem pode ter filhos sem precisar recorrer a assistência... que os tenha... sem assistência!

já há agências de matrimónio... para quem não confia em si próprio ou na vida para encontrar o Amor...

que não se use a PMA para resolver o que cada um (ou até as agências e blind-dates via anuncios) não puderam resolver: o amor!

o amor não se revolve com companheiros e nem a vontade de ter filhos se resolve com esperma comprado!

ter filhos (também assim) é (deveria ser) uma escolha de amor (mesmo que imprevista) e não uma saída de emergência!

beijinhos!
dia muito feliz!

kelly disse...

um sopro na fogueira, oxigénio...
sa.ra: "que não se use a PMA para resolver o que cada um (ou até as agências e blind-dates via anuncios) não puderam resolver: o amor!" nem mais!
mas a lei peca pelo princípio: se o apoio do estado se limita aos casais, deixa de fora as mulheres solteiras que não conseguem ter filhos de forma natural, bem como os homossexuais. por outras palavras: se fores casada e não consegues engravidar, podes recorrer à PMA. Se não és uma excepção, tem lá paciÊncia, estás com duplo azar...

hmmm, por que será?

sa.ra disse...

porque estamos espartilhados, esmagados, algemados por conceitos como: normalidade; família (?!), conjugalidade (?!), etc.

é por aí que defendo o destemor quanto à nossa liberdade!

a liberdade não devaria amedrontar ninguém!

teme quem deve! ou acha que pode ficar a dever, ou a perder!
quem acha que que pode acarretar dívidas! deveres!

a responsabilidade não é um dever!
é um tipo resposta! uma forma-escolha-resposta! só isso!

beijinhos!
dia feliz!

Miguel Martins disse...

Aviso à navegação: A minha opinião é a de um homem, solteiro, descomprometido, procurando relacionamento sério, com idade para ter filhos, que já teve mais vontade de os ter do que agora tem, que ainda não sabe se é ou não estéril, pois nunca uma das suas parceiras engravidou, que acredita que tem boa carga genética e deseja reproduzi-la, recombinando-a, com pessoas interessantes intelectual, física e geneticamente (Hei, Hei - não sou nazi!), perpetuando-se dessa forma na história.

Esquecendo as análises sociológicas acerca da reestruturação/reconfiguração da instituição familiar, o que me parece mais importante na vida de uma família, independentemente da sua configuração, relaciona-se com o modelo que desejariamos reproduzir (Família enquanto horizonte de expectativa tanto individual como social)e na maneira como podemos ajudar os nossos filhos a construir uma visão do mundo, que implicando a manifestação de determinadas atitudes, comportamentos e valores directamente vividos e experienciados, impliquem um posicionamento num espaço de experiência que seja o mais humano possível.

Seria no entanto distinguir entre vários níveis: um nível prático (qual a maneira mais fácil de gerir a família), um nível revolucionário (que projecto para a família), etc.
(Sei que não fui muito inteligível e que até já pareço um filósofo e/ou sociólogo de pinta francesa Mas prometo que desenvolverei a minha tese)!

kelly disse...

querida sa.ra: obrigada pelo contributo! respondo amanhã, porque estou com uma dor de cabeça daquelas!! desconfio que seja o corpo a queixar-se da velocidade...

um abraço
um beijinho
e BOM DIA!!! porque calculo que já só leias isto amanhã:)

kelly disse...

querido blop,
autor do 1º comentário com "y":)
a dor de cabeça é a mesma, pelo que farei um comentário ao teu comentário amanhã...ben-u-ron a caminho!!!
beijo beijo beijo

kelly disse...

o medo da auto/hetero-responsabilização leva inevitavelmente à criação de barreiras falsas...
consciência e coragem, onde estais?!
para lá se caminha, estou certa! antes de-va-gar do que parado...(?)
beijoca laroca

kelly disse...

blop: tens recebido muitos mails, pedindo-te genes, desde que aqui deixaste o anúncio? eheheh

não tenho nada a declarar! aptece-me só buscar a palavra "humano", que anda sempre de mãos dadas com liberdade-decisão-amor-vida-mundo

abraço e fica bem!

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