hummingbird with the heart of a whale

espinhos

tudo o que dizia era agressão, excepto os seus poemas, que eram de luz e ternura, quase todos. um exagero. no dia da apresentação do seu último livro, ela não resistiu a ir. seriam outros a lê-lo, é certo, mas ele estaria ali ao lado, o que ia dar ao mesmo. se se esforçasse e semi cerrasse os olhos poderia mesmo imaginar que era ele que se lia a si próprio: a doçura na voz do agressor.

lidos os poemas, feitos os elogias e as perguntas, bebidos os vinhos e comidos os rebuçados da Havaneza, ela aproveitou o 1º momento em que o viu sozinho: aproximou-se: aproximaram-se narizes e beijou-o enquanto puxava para si aquela estranha cabeça.
assim que sentiu tamanha doçura, percebeu quem era e não se deixou envenenar (adoçar!) pela boca de canela que com a dele se fundia e confundia: de uma mordida só, arrancou-lhe a língua, que lentamente mastigou e cuspiu para o ar.

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a doceira (mail)

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