dos periodos de ceu muito nublado
"A chuva caía em lágrimas de cristal pelos teus olhos abaixo. Batia nas vidraças, um choro abafado, um rumor de desgraças. À saída da casa, virei à esquerda, pela rua que descia até ao rio, e tu viraste à direita, pela rua que subia até à Igreja. Foi aí que nos separámos. Procurei em vão o cheiro a maresia das neblinas do Tejo que eu sabia existir para além delas, mas a manhã estava encharcada, o rio corria cinzento e nenhum sinal de luz rasgava a intransponível distância deste desencontro."
Miguel Sousa Tavares, Períodos de céu muito nublado
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