escravidão
Li uma história curiosa - como tantas que este homem tem - passada na altura em que Rubem Alves era presidente da comissão encarregada da selecção dos candidatos a um doutoramento na Unicamp. Ele questionava-se sobre a (in)justiça da selecção, dos escassos 20 minutos que cada candidato tinha para provar que merecia entrar. Ora, não é que este senhor teve uma ideia temível?! Lembrou-se de pedir aos candidatos que falassem sobre aquilo que eles quisessem. Coitados! Os pobres! Imagine-se: Anda uma pessoa a ler carradas de livros para chegar ali e não poder debitar, vomitar tudo aquilo que a custo tinha andado a devorar?! As reacções foram curiosas: uma pessoa entrou em pânico; outra deve ter achado que estava a delirar com o que acabava de ouvir e teve uma verborreia descontrolada, atirando violenta e indiscriminadamente tudo o que havia lido cá para fora...
"Parece que esse processo de destruição do pensamento individual é uma consequência natural das nossas práticas educativas. Quanto mais se é obrigado a ler, menos se pensa." * "... é o caso de muitos eruditos: leram até ficar estúpidos. Porque a leitura contínua, retomada a todo o instante, paralisa o espírito ainda mias que um trabalho manual contínuo..." **
Estou como o Rubem: "... eu me daria por feliz se as nossas escolas ensinassem uma única coisa: o prazer de ler!" (e pensar! criticar! discutir! dialogar! questionar! responder! intervir!)
*Rubem Alves ** Schopenhauer
em draft há um mês - porquê?
1 comentário:
é verdade! usar o mesmo acetato mil anos seguidos é mais fácil do que pensar aulas de forma cooperada com os alunos e atraí-los para o pensar. o que me acalma é ter a certeza de que esses dadores de aulas nunca chegam ao fim do dia de trabalho a respirar fundo, com um leve sorriso nos lábios e satisfeitos com o dia que tiveram, ao contrário dos professores
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